"Antes, o cotidiano me aborrecia. Ao pintar, passei a
sentir-me gloriosamente livre e tranquilo", ele dizia.
Henri-Émile-Benoit Matisse nasceu em 31 de dezembro de 1869 no
norte da França. De família da pequena burguesia, seu pai trabalhava numa loja
de tecidos e a mãe, era costureira. Formou-se em direito, mas descobriu sua vocação
para as artes durante um reforma promovida por ele na casa dos avós. A nova decoração
incluía quadros pintados por Matisse, suas obras fizeram muito sucesso entre os
amigos e familiares.
Com o apoio dos pais foi estudar Arte em Paris. No entanto,
o jovem pintor não demorou em perceber as limitações das lições de seus
mestres: deles aprenderia a técnica do desenho, mas com risco de sacrificar, em
nome do realismo convencional na reprodução da realidade, a riqueza das formas
e, em especial, da cor.
Em 1901, participou do Salão dos Independentes, organizado
por Paul Signac. Em 1903, Matisse voltou a expor no Salão dos
Independentes e também fez sua estreia no Salão de Outono, onde era apresentada
uma retrospectiva póstuma de Gauguin.
O uso acentuado das cores nas novas telas de Matisse escandalizou
o público do Salão de Outono de 1905. Os críticos passaram a classificar Henri
Matisse e seus amigos como “fauves”, ou seja, “selvagens”.
“O Fouvismo não é tudo”, comentou Matisse, “é apenas o começo
de tudo.”
Além da provocação, o fauvismo recuperou a
liberdade de visão do artista, a cor como elemento básico da arte pictórica e o
conceito plástico que regia sua obra acima do ato de representação.
“Não é possível pintar servilmente a natureza. Sou forçado a interpretá-la e a
submetê-la ao espírito do quadro. Quando encontrar todas as minhas relações de
tons, será um acorde cromático vivo, uma harmonia tal qual uma composição
musical.”
Tudo parece ser o resultado de um gesto emocional que acumula tons puros até
extravasar a realidade imediata e aparente.
A destruição dessa realidade por meio da cor significou, para os critérios conservadores
vigentes na época, o início das “agressões” pictóricas que marcam a arte de
vanguarda do século XX. No entanto, a intenção de Matisse não era “destruir a
realidade”, mas reconstruí-la a partir de uma nova visão.
No quadro ao lado (Madame Matisse, 1905), Matisse deu um passo decisivo em sua técnica de representar sentimentos
e sensações por meio da força das cores. Como resultado de intensa investigação
sobre o comportamento da luz na definição da cor, o artista alcançou o limite
cromático com o emprego do vermelho e de tonalidades alaranjadas. Ao mesmo
tempo, confrontou-os com o verde, sua cor complementar, que ocupa a parte
central do rosto e, em tom mais sóbrio e austero, o fundo que corresponde à
parte direita da face.
Em 1909, “A dança” e “A música” seriam expostos no Salão de Outono de 1910 e suscitariam a rejeição do público tradicional e o entusiasmo dos amantes da vanguarda. Pode-se afirmar que “A dança”, de Matisse, e “Guernica”, de Picasso, constituem duas obras paradigmáticas das artes plásticas do século XX.
“A dança” evoca a liberdade, a alegria e a comunhão. A obra de Picasso, por sua vez, remete ao horror da guerra e à raiva impotente. Não é casual: os dois extremos configuram os limites de um século que, de um lado, abraçou as mais belas utopias e, de outro, padeceu com mortes em massa e a destruição em guerras.
“Coloco-me no lugar do visitante. O primeiro painel é oferecido a ele. É
preciso transmitir uma sensação de alívio. Assim, meu primeiro painel
representa “A dança”, esta roda que se eleva sobre a colina”, declarou Matisse.
O círculo de dançarinos é uma reelaboração da roda já representada em “A
alegria de viver”. Por outro lado, o novo conjunto constitui um autêntico regresso
à temática do Éden. Por outro, em “A dança” a cor adquire um protagonismo que
prevalece sobre as figuras temáticas. Essa diferença implica uma reordenação
substancial na visão do artista: o novo círculo se afasta do paraíso e pede um
novo significado.
As três cores: vermelho, verde e azul, usadas na máxima intensidade, e as
amplas pinceladas garantem uma cena dionisíaca ausente em “A alegria de viver”. “A dança” renuncia ao sossego e à serenidade; ao contrário, a tela transmite
força, dinamismo e movimento.
O quadro "A música" (1910) compôs o segundo painel encomendado pelo colecionador Sergei Shchukin
para ornamentar seu palacete em Moscou.
EXERCÍCIO
1- Analise as obras "A dança" (1909-1910) e "A música" (1910), ambas de Henri Matisse, e registre em seu caderno as suas impressões e sensações diante das cores, formas e poesia empregadas na composição dessas imagens.
Bons estudos!!!
A atividade deve ser realizada no caderno. A pergunta e as imagens podem ser impressas, mas as respostas devem ser manuscritas.